O sol sempre nasce outra vez

 Esta é a imagem que vejo da minha janela minutos antes do sol aparecer. Ainda está escuro, e quando olho lá fora me parece tão difícil acreditar que o sol vai brilhar outra vez.

 

                                     O tempo passa e os primeiros raios da manhã tomam conta do estacionamento em frente à minha janela, me dando esperança de um dia melhor. E me parece tão difícil acreditar que esse estacionamento vai ficar cheio de carros com seus donos apressados lá pelo meio da manhã e que o sol vai estar lá no alto, junto ao céu azul, forte e imponente.    

      

 

 E quando me dou conta, olho na janela e lá estão: o sol clareando o dia, o lindo céu azul de Brasília, a grama verdinha mostrando seu esplendor em meio à luz, flores vermelhas nas copas das árvores, os carros estacionados aguardando o retorno dos apressados. E me parece tão difícil acreditar que à tarde vá chegar, levando embora os carros e trazendo consigo novas paisagens e sensações.

  À tarde chega, e pela minha janela percebo que a maiorias dos carros se foram, o sol mudou de posição intensificando o calor, entretanto continuo vendo a imensidão do céu e o reflexo da minha janela  através do prédio espelhado da frente. Mas os barulhos do trânsito que não posso ver, o gato miando pelo jardim do prédio, a buzina da moto que trouxe o gás do vizinho, o martelar da reforma no apartamento de cima, encheram a imagem sem aparecerem. E me parece difícil acreditar que todo esse caos e o calor desconfortável possam dissipar.

  O sol finalmente cai, e vejo através da minha janela uma paisagem exuberante. O barulho intenso se foi e levou o desconforto do calor junto. O céu tomou uma cor azul que misturada às nuvens trouxe um ar sombrio para o início da noite, porém não menos arrebatador. Me parece difícil acreditar que a escuridão da noite possa preencher esse quadro que agora vejo.

 A noite me cumprimenta e a escuridão do céu enegrece à paisagem sob minha janela, tentando me tirar a esperança reconquistada ao longo de um lindo dia. Mas as luzes dos postes estão acesas e um tom dourado tomou conta das folhas, me lembrando que o sol sempre nasce outra vez...

Por Naná Burmann